terça-feira, fevereiro 22, 2005

Do Leblon ao Catete

Hoje de manhã, vinha no táxi (atrasada para uma reunião de trabalho) olhando distraída pela janela. Pensava numa porção de coisas, tarefas a realizar, nas minhas filhas, na viagem que farei para São Paulo, no tempo que, agora, sempre ameaça mudar. O caminho que costumo fazer quando venho de táxi rodeia uma praça, onde fica a Igreja do Santo Cristo, no bairro de mesmo nome. A praça tem bancos de jardim e brinquedos para as crianças - mas vive cheia de desocupados.
Olhando para esse arremedo de praça infantil, vi uma cena que me mostrou o quanto o ser humano pode ter dignidade, quando nada mais há de digno em sua vida. E como o caráter de uma pessoa pode permanecer imutável, seja ela rica ou pobre.
Sentado num dos bancos, vestindo apenas uma calça rota, os pés imundos e doentes, um mendigo segurava um caco de espelho, menor do que a palma da mão da minha caçulinha. Tentando mirar-se, contorcendo-se para sua imagem caber naquele ínfimo pedaço refletor, ele fazia, caprichosamente, a barba.

Nenhum comentário: