sexta-feira, março 11, 2005

No calor da noite

Crianças na cama, malinha das duas arrumada, fui para o meu posto de observação. A noite está fantástica, como as noites de verão sabem ser. Daqui de cima, o Rio parece limpo, civilizado. Os sons que chegam são de cidade do interior: um cachorro latindo, água correndo, alguém assobiando longe.
O prédio do Comando do Exército fica iluminado a noite inteira, e é bonito de se ver. Ao redor de mim, encostas com árvores centenárias – a amendoeira na minha calçada já ultrapassou o telhado, o que dá uma altura de um prédio de quatro andares.
Meu vizinho da esquerda é um chato de galochas. Acende um baseado assim que acorda – e isso jamais acontece antes das nove da manhã. Detesta meus cachorros, que acordam cedo como as donas. Mas, puxa vida, que gosto musical o cara tem. Quando eu subi, a vitrola lamentava-se em Dolores Duran. Agora, já está às lágrimas com Maysa.
Tudo bem, ele é um bolha. Mas para ouvir essas duas numa sexta à noite é porque ele deve estar numa fossa danada, coitado.

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