domingo, dezembro 04, 2005

Todos perderam. Inclusive eu.

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Faz mais ou menos um mês que eu tive a última discussão com o pai das meninas. A velha história de sempre. Mas, dessa vez, eu tomei uma decisão que, no começo, pesou muito, mas agora eu vejo que não está fazendo muita diferença.
Sempre argumentei que, se ele não queria ser pai - ser PAI, com todas as letras em maiúscula, significando que teria que tomar parte nos deveres e nos direitos - que ele não iria mais ver as meninas. Que fosse no juiz, que reclamasse, que contratasse advogado, que fosse fazer sua chacrinha no tribunal. E ele não fez nada.
As meninas passam agora todos os fins de semana comigo. Ele liga, às vezes, durante a semana, e assim mesmo por brevíssimos minutos. E, surpreendentemente, as meninas até agora não notaram que não vêem o pai há quase um mês. Não perguntaram nada, não reclamaram.
Eu não estou feliz, nem um pouco. Fico profundamente triste em ver quão pouco relevante a figura do pai é para as minhas filhas. Mas eu também sei que isso seria para mim um motivo de amargura eterna ter que ficar com toda a parte dos deveres, trabalhando feito uma insana, pagando contas financeiras e psicológicas, assumindo sozinha toda a criação delas - enquanto ao pai caberia a tarefa de propiciar sempre passeios e viagens maravilhosos, com o dinheiro que deveria ser empregado para, por exemplo, numa reforma do quarto delas, que está com tantas infiltrações que ambas dormem na minha cama há meses.
Sim, elas merecem se divertir e viajar. No fim de outubro, antes de eu receber meu salário, ele foi para Teresópolis e disse que ia levá-las - e eu não deixei. Ele foi sozinho, com o carro repleto de compras de supermercado. E as meninas dividiram, por dois dias, a última comida que eu tinha em casa: quatro pacotes de Miojo. E ele viajou sabendo disso. E não se importou.

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