domingo, julho 31, 2005

Viajando

Como é que é? Sete de Nove termina a série com Chakotay?
Como assim? E a Janeway?
Que coisa mais sem sal...

Bebê conforto

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Ontem, depois de despachar as meninas para a casa do pai, fui bater pernas no Centro da cidade, comprar um enxoval para o bebê da minha empregada - uma menina. Gastei quase R$800. É, o dinheiro vai me fazer uma falta enorme. Mas que venha em dobro: é o primeiro filho dela, e só porque é pobre não significa que tenha que vestir só roupa já usada 700 vezes - e azul, porque o primo que nasceu recentemente é um menino, de uma lista de quatro. Ou seja, as roupas não têm nem mais cor.
Comprei coisas baratas e caras, economizando onde dava, gastando onde devia. Tudo em branco e rosa (com vermelho nos detalhes - joaninhas e morangos :o), com algumas coisinhas em amarelo e verde. Comprei macaquinhos, roupinhas de pagão, meias, culotes, camisetas, mantas, lençóis de berço (ela tem o das meninas, que somente Zé Colméia usou, e por pouquíssimos meses: branco, reversível para caminha, da Tok & Stok), travesseiros, cobertores, fraldas de pano, toalhas. Sapatinhos de tricô, faixas de cabelo, faixa umbilical, cueiros de flanela. Comprei como se fosse para as meninas.
E, no fundo, no fundo, seguindo meu desejo de ser mãe novamente, era para elas, mesmo.

Out of service

Sem o menooooorrrr saco para escrever...

quarta-feira, julho 27, 2005

Pra dois

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Sabe, não quero mais falar disso. Porque acaba fazendo a gente se tornar estúpido.
Eu, pelo menos.
É exatamente assim que eu estou me sentindo: estúpida.

Onde eu jamais estive

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Esses dias fiquei longe porque fui expulsa do computador. Não posso postar do trabalho, e sempre faço isso em casa, quando chego. Pois comprei um novo CD-ROM para as meninas - e elas tomaram o poder. O computador é delas. Só delas.
Então, dei para me deitar no quarto e curtir o silêncio e a calma. As meninas entretidas nos joguinhos, nas histórias, e eu descansando a cabeça, botando as idéias em ordem. Esses dias dei valor a algo que estava quase (ainda bem; quase) perdendo. Mas que não sei ainda como recuperar. Vou ter que fazer uma imensa reforma na minha vida, e nem sei por onde começar.
No trabalho, vou ter que voltar a estudar línguas - a rede de hotéis cuja conta administro funciona em francês, em inglês e em espanhol. As reuniões são uma babel de três idiomas exemplarmente falados e um literalmente mastigado, grunhido e cuspido - o português, naturalmente. Preciso tirar minha carteira, me programar para viajar uma vez por mês a trabalho. Dar um upgrade no meu guarda-roupa, em mim mesma, no meu interior.
Três pessoas foram demitidas no meu departamento - mais trabalho. Tenho três contas, e periga substituirmos uma delas, que já é grande, por uma imensamente maior (se tudo der certo, vou administrar a conta, no Brasil, da segunda maior empresa no seu ramo no mundo ou a primeira, se tirar o mercado americano).
Sempre sonhei com sucesso profissional. Ele está ali, apontando o dedo para a minha cara, e eu estou morrendo de medo de não ser capaz, de não dar conta, de não ser boa o suficiente.
Às vezes, quero voltar para debaixo do meu cobertor furadinho e pensar como seria legal se eu fosse tenente na Enterprise.

...

Detesto conversas que entram em becos sem saída.
E morrem.
Perde a graça conversar assim. O bom é quando parece jogo de peteca - não pode deixar cair, né?

domingo, julho 24, 2005

...

Quando não há o que dizer, então é melhor calar-se. Amanhã é segunda, dia de afivelar a máscara, subir no salto e ir à luta.

sábado, julho 23, 2005

Devaneios postais

Quase ninguém que me conhece pessoalmente sabe que tenho o Breviário. Ou seja, eu sou aqui quem eu realmente sou. Não a Fulana sociável, a mãe que deixa as crianças na escola, a profissional que bate ponto de nove às sete. Eu sou, na verdade, a Suzana: passional, com desejos, frustrações, raivas, fraquezas, defeitos. Nem meu ex-marido sabe que eu escrevo aqui. Ele, provavelmente, não entenderia nem um terço dos textos - porque somos, primariamente, egoístas, e jamais passaria pela cabeça dele que muito do que há aqui é efeito, e não causa.
Escrevo isso para explicar outra coisa, a real razão desse post: algumas pessoas me escrevem comentando o que escrevo. E aí começa uma troca de mensagens que para mim é tudo, como a adolescente que um dia recebe carta. É o preenchimento de uma parte de mim que anseia por amigos que não sabem de onde vim, não fazem idéia de quem é meu e-marido, não conhecem nada a meu respeito - nem meu verdadeiro nome - mas que perdem uma parcela de tempo de suas vidas para me mandar algo.
Sim, eu sou extremamente carente de contato, de amizades. Duas amigas que me são muitíssimo caras são blogueiras, e eu as conheci graças a internet. Uma delas eu anseio dar o mais longo, o mais forte e o mais apertado dos abraços quando pisar no chão de Florianópolis.
Eu tenho, por opção, pouquíssimos amigos. Eles são, em verdade, aqueles com quem eu divido coisas que até mesmo com minha família eu não falo. Diferentemente de colegas - as pessoas que eu chamaria para almoçar, por exemplo - eles me conhecem muito bem. A eles eu dei o endereço do Breviário. Porque eles sabem que eu sou exatamente a pessoa que está aqui, assim como vocês que não me conhecem pessoalmente, mas lêem o que de mais profundo eu tenho.
Por ser eu mesma, no mais puro estado, é que eu tanto prezo aqueles que me escrevem. Troca de mensagens pode ser, como muitos pensam, uma maneira de ter sexo fácil, excitação no mais alto grau. Pode até ser. Mas quando vejo o domínio raynersoftware.com, ou vejo que alguém na França ou na Itália me visitou, aqueço meu coração - eles sempre vêm, sempre me acompanham, silenciosamente. Quando encontro na caixa de entrada pessoas como Paulo, Laerte, Fernanda, Adriana, Felipe, Maura, Miranda ou Rita - e especialmente mensagens de Sérgio e de uma certa flor que anda tendo entreveros palpitantes com uma lata de lixo - nossa! ganho o dia!
É, você acertou: estou me sentindo muito, mas muito sozinha.

Carta ao vento III

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Tudo eu recolhi de você: migalhas, fragmentos, pó, pegadas, suposições, acentos que ficaram em vozes alheias, alguns grãos de areia, uma concha, o seu passado imaginado por mim, o nosso suposto futuro, o que eu teria querido de você, o que você tinha me prometido, os meus sonhos infantis, o enamoramento de criança que senti pelo meu pai, certas rimas tolas da minha juventude, uma papoula à beira de uma estrada empoeirada. Isso também eu pus no bolso, sabe?, a corola de uma papoula como aquelas papoulas que em maio eu ia colher nas colinas com meu Volkswagen, enquando você estava em casa grávido dos seus projetos, dedicando-se às receitas que sua mãe lhe havia deixado num livrinho preto escrito em francês, e eu colhia papoulas que você não sabia compreender.
Não sei se você depositou o seu sêmen dentro de mim ou vice-versa. Mas, não, nunca nenhum sêmen nosso floresceu. Cada um é só si próprio, sem a transmissão da carne futura, e eu sobretudo sem ninguém que recolha a minha angústia. Todas essas ilhas eu percorri, todas procurando por você. E esta é a última, como eu sou a última. Depois de mim, basta. Quem poderia continuar a procurá-lo senão eu?

Antonio Tabucchi, "Está ficando tarde demais"
Editora Rocco, 2004

Oferta do dia

Se alguém estiver querendo comprar um lote de dor-de-cabeça bem baratinho, desista da busca: eu estou dando - é, de graça. É só me mandar o endereço que eu mando entregar. De brinde, vai a gritaria das crianças pra não deixar a dor-de-cabeça acabar rapidinho - aí você aproveita mais.
Imperdível, né? Eu sabia que você ia gostar.

Céu estrelado

Já são três noites que o sono não vem. O corpo dói, pede por favor lençol e travesseiros, e eu não consigo me deitar e me cobrir de inconsciência.
Vou ali, venho acolá, ligo o computador. Sento na varanda, olho o céu, fumo, invento um biscoito, uma maçã. E olho minhas caixas postais e procuro uma alma que também esteja recusando-se a dormir. Mas eu não faço barulhinhos que avisem que estou do lado de cá - o pudor de quem não tem alguém e não gosta de confessar a sua solidão.
Nessa escuridão, prefiro ficar quieta como um camundongo.

sexta-feira, julho 22, 2005

Sem navalha

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Um dos meus prazeres num relacionamento: fazer a barba dele todo dia de manhã. Com cuidado, água quente antes, loção hidratante depois. Lâmina nova, atenção - mas, muitas vezes, concentração zero.

Carta ao vento II

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Procurei você, meu amor, em cada átomo seu que está disperso no universo. Recolhi quantos deles me foi possível, na terra, no ar, no mar, nos olhares e nos gestos dos homens. Procurei você até mesmo nos curos, na longínquoa montanha de uma destas ilhas, só porque você uma vez me disse que tinha sentado no regaço de um curo. A subida não foi fácil. Havia um velho pastor pela estrada, e eu só lhe disse a única palavra que importava: curos.
E nos seus olhos brilhou uma luz de cumplicidade como se tivesse entendido, como se soubesse quem eu era e quem eu procurava, que eu procurava por você, e sem dizer nem uma palavra me estendeu a mão indicando-me o caminho, e recolhi o gesto que me guiou e aquela luz que brilhou um instante nos seus olhos e coloquei-os no bolso, olhe, estão aqui, são outras duas pedrinhas deste afresco em migalhas que estou recolhendo desesperadamente para reconstruir você, além do cheiro do homem com quem passei minhas noites.
[...] Entretanto eu lembrava de poesias que falavam de mares e de praças, um mar de telhas reluzentes que uma vez vi com você num cemitério, e uma pracinha onde as pessoas que viviam ali tinham visto o seu rosto, e assim mentalmente procurei-o no resplendor daquele mar porque você o tinha visto, e nos olhos do dono da mercearia, do farmacêutico, do velhinho que vendia café gelado naquela pracinha, porque eles o tinham visto. Estas coisas também coloquei no bolso, este bolso que sou eu mesma e os meus olhos.

Antonio Tabucchi, "Está ficando tarde demais"
Editora Rocco, 2004

Pique-esconde, amarelinha

Estraguei a brincadeira, né?
Desculpe... :o(

quinta-feira, julho 21, 2005

Eu acho que...

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...comi demais. Não estou conseguindo nem respirar.
Mas, rapaz, valeu a pena: Bolo de browne com morangos, da Amor aos Pedaços. É tão bom e tão engordativo que só deveria ser dado, e num pratinho bem pequeno, a quem está no leito de morte.
E olhe lá.

Bolinha no pino

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Golfe. Um amigo me diz que isso jamais poderia ser chamado de esporte. Não importa. Agora vou ter que aprender - não a jogar, não tenho nem saco nem dinheiro (principalmente) para isso. Mas um dos clientes da empresa onde trabalho apóia o golfe. E eu vou ter que entender para poder escrever e falar sobre isso.
Mas tem suas compensações. Essa foto aí de baixo é o campo de golfe acima de uma falésia em Trancoso, na Bahia: o Terravista Golf Course.
É pra lá que eu vou, em setembro:o)

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Eu confesso que...

... tenho medo de envelhecer e continuar, por dentro, a me sentir jovem. E me ver presa dentro de mim mesma.
Deve ser a sensação mais torturante e abominável que se possa imaginar.

Um dia especial

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Hoje eu não ganhei nada de que realmente não precisasse. Eu sempre preciso: vou dormir com os bolsos transbordando de carinho e amizade.
A todos, obrigada :o)

quarta-feira, julho 20, 2005

Sinais

Notícia de hoje da AP:

Morreu hoje em Redmond, no Estado de Washington, o ator James Doohan, que interpretou o Sr Scott, o engenheiro-chefe da Enterprise, no seriado de TV Jornada nas Estrelas (Star Trek). Tinha 85 anos. Há um ano, antes de abandonar a vida pública por conta do mal de Alzheimer, recebeu uma série de homenagens, incluindo uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood.

Primeiro foi DeForest Kelley, o Dr. Leonard McCoy. Pode parecer bobagem, mas é recebendo esses sinais que a gente tem certeza que a infância literalmente morre. E, pior, jamais de uma vez - sempre um pouquinho a cada dia.

terça-feira, julho 19, 2005

Parem as máquinas!

Olha que beleza: estou com febre!
Terceira gripe em 20 dias - não é supimpa?

Eu confesso que...

... quando ninguém está olhando enfio um Sonho de Valsa todo na boca.
Inteirinho.
O difícil é mastigar delicada e educadamente.
E sorrir depois com todos os dentes.
Já tentou?
Pois é. Dá, não.

Vivendo...

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...perigosamente.

Invocação III

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Que lentas piscinas os teus versos...
Nelas me afundo (refugio?) a reencontrar a sabedoria do corpo. Dos nervos. Das aves. A sua vertiginosa água a envolver-me os membros, a tomar-me a boca.
Que manso suicício o dos teus olhos...

Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa
"Novas Cartas Portuguesas"
Círculo do Livro, 1974

No fogão

Odeio canja. Mas com a fome com que eu cheguei em casa, com a lembrança do café da manhã no estômago, se está pronta e não fui eu quem fiz... tá uma delícia!

Século passado

Fico impressionada como a mulher da faixa dos 20-30 anos, hoje em dia, ignora a diferença abissal entre "vulgar" e "sensual".
Ou será que existe homem que ache sensual, num dia de frio, sandália plataforma branca, calça jeans três números menor que a dona, cintura um dedo acima do púbis, seis quilos a mais na cintura e blusa cor-de-rosa com numeração 24-30 meses?
Ou será que entrei na idade de achar, como dizia a minha avó, "essa juventude uma pouca-vergonha"?

O mundo em que vivemos

Ornitólogos alemães afirmam que alguns pássaros nas cidades já estão imitando ringtones. Apontam as gralhas e os estorninhos entre as espécies mais exímias na repetição dos sons. O comportamento das aves está relacionado à sua convivência com o ambiente urbano - comuns nas cidades, para onde vão em busca de comida, os pássaros estão se adaptando ao ambiente e imitando os sons produzidos pelos humanos. Não conseguem, no entanto, copiar toques polifônicos mais complexos. A agência de notícias Deutsche Presse Agentur ouviu o especialista Richard Schneider, do NABU, centro de preservação de pássaros. Dica do Boing Boing.

O novo empreendimento do bilionário Flavio Briatore, empresário da Formula 1, é uma linha de roupas para os muito ricos - para os ricos entre os ricos. A grife, batizada Billionaire Couture, tem como estilista Angelo Galasso, que defende seu nicho de mercado - entre tantas grifes masculinas na Italia, há espaço para uma "mais original". A linha tem jeans com botões de ouro - custam entre US$ 870 e US$ 1.700 - jaquetas por US$ 10 mil e chaveiros com diamantes e rubis. Notícia da ediçao online da revista Vogue.

Pesquei hoje no Blue Bus.

segunda-feira, julho 18, 2005

Antes de dormir

Depois desse dia lamentável a única coisa que me faria bem nessa noite de chuva fria seria me enfiar embaixo de um hálito morno e sobre a minha pele sentir mãos em concha a me dizerem "Eu te amo e estou aqui".

Primeira Carta

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Pois que toda a literatura é uma longa carta a um interlocutor invisível, presente, possível ou futura paixão que liquidamos, alimentamos ou procuramos. E já foi dito que não interessa tanto o objecto, apenas pretexto, mas antes a paixão; e eu acrescento que não interessa tanto a paixão, apenas pretexto, mas antes o seu exercício.
Não será portanto necessário perguntarmo-nos se o que nos junta é paixão comum de exercícios diferentes, ou exercício comum de paixões diferentes. Porque só nos perguntaremos então qual o modo do nosso exercício, se nostalgia, se vingança. Sim, sem dúvida que nostalgia é também uma forma de vingança, e vingança uma forma de nostalgia; em ambos os casos procuramos o que não nos faria recuar; o que não nos faria destruir. Mas não deixa a paixão de ser a força e o exercício o seu sentido.
Só de nostalgias faremos uma irmandade e um convento, Soror Mariana das cinco cartas. Só de vinganças, faremos um Outubro, um Maio, e novo mês para cobrir o calendário. E de nós, o que faremos?

Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa
"Novas Cartas Portuguesas"
Círculo do Livro, 1974

domingo, julho 17, 2005

Palco

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Acabei de assistir a "Tango", de Carlos Saura. Este é um dos meus diretores preferidos, porque foi através dele e de Antonio Gades que descobri o flamenco e dancei oito anos como profissional. Quando fui à Espanha, me esbaldei nos tablados, cantando e dançando.
"Tango" é um filme bonito, e ali se enxerga facilmente "Carmen", e não apenas na história, mas nos ângulos, os cortes para as imagens de dança. Até mesmo a estrutura é parecida: um filme dentro de outro filme - nesse caso, um musical dentro do filme.
Se no início o tango me pareceu uma dança que esbarra no flamenco, uma das cenas desfez essa impressão: a dançarina de tango não pode dançar sozinha pelo simples fato que não sabe o que fazer com braços e mãos. No par, elas estão sempre ocupadas segurando o corpo do parceiro. A dançarina de tango, sozinha, torna-se desengonçada se se abster aos passos tradicionais do tango.
Isso não acontece no flamenco, onde a força advém dos pés mas também dos braços e das mãos ("Suaves como una paloma", já ensinava Blanca del Rey, uma deusa do flamenco que tive o prazer de ver dançar duas vezes, no Brasil).
Antonio Gades vi dançar pelo menos quatro vezes. Tive o privilégio de conversar com ele (ou melhor, ele falou e eu, estupidamente, sorri e ouvi) da última vez em que veio ao Brasil. Vi-o dançar em Madri. Era pequeno, mas se agigantava quando estava no palco.
Vou tirar para ver "Bodas de sangue" e matar as saudades do sangue nos sapatos, dor nos rins e joelhos torcidos.

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Alerta geral! Postos de combate!

Piii-póóó! Piii-póóó! Piii-póóó!
Alcançando níveis perigosos de pieguice!
Alerta vermelho! Alerta vermelho! Todos aos postos de batalha!

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Domingo

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É assim que eu gosto de me sentir, sempre. Eu e minhas meninas: sem preocupações com o futuro, vivendo e aproveitando o presente.
Com elas, me sinto criança de novo. Sem medo de desperdiçar tempo, alegria, esperança, expectativas. Crianças não economizam o que dá prazer.
E isso pode ser muito, muito bom.

Trevas

Sabe o que é? Eu não estou legal. Deve ser a TPM (que eu não tenho vergonha de confessar que tenho, a despeito de todo o machismo reinante sobre a face da Terra); esses dias são muito ruins. Choro muito, me sinto um fracasso como mãe, como mulher, como profissional.
Eu tenho SiteMeter e uma das coisas que me diverte (e me orgulha) é ver pessoas de muito longe (México, Estados Unidos, França, Inglaterra, Austrália, Itália) que entram aqui (até a Rita me leu do Peru!).
Mas isso, nesses dias, me dá uma sensação estranha: é como se todo esse povo entrasse no meu quarto, me visse dormindo, e fosse embora sem deixar um sinal de que entrou ali.
"Ponha de volta dos comentários!", me disse um amigo. Mas não quero isso. Gostaria de dar uma personalidade a todos aqueles IPs. Saber que, apesar de achar que ninguém sabe de mim nesses dias de trevas, não é bem isso o que acontece.
E obrigada por aparecer, moço do Macintoch azul. Já diminuiu um tantinho a minha cota paranóica de rejeição :o)

sábado, julho 16, 2005

Carta ao vento I

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Não se pode trair assim, cortando o fio. Sem que eu saiba sequer onde descansa o seu corpo. Você se entregou ao seu Minos, de quem achava ter debochado mas que ao final o engoliu. E assim eu decifrei epígrafes em todos os cemitérios possíveis, à procura do seu nome, onde eu pudesse ao menos chorá-lo.
Duas vezes você me traiu, a segunda escondendo de mim o seu corpo. E agora estou aqui, sentada a uma mesinha deste terraço, olhando inutilmente o mar e comendo coelho temperado com canela. Um velho grego indolente canta uma canção antiga em troca de alguma moeda. Há gatos, crianças, dois ingleses da minha idade que falam de Virginia Woolf e um farol ao longe do qual não se deram conta.
Eu tirei-o de um labirinto, e você me fez entrar em outro sem que para mim haja uma saída, nem mesmo aquela extrema. Porque a minha vida passou, e tudo me escapa sem possibilidade de um nexo que me leve de volta a mim mesma ou ao cosmo.
Estou aqui, a brisa acaricia os meus cabelos e eu vou tateando na noite, porque perdi o fio, aquele que eu tinha dado a você, Teseu.

Antonio Tabucchi, "Está ficando tarde demais"
Editora Rocco, 2004

...

Nesses últimos seis meses, perdi três amigos que achei que seriam importantes na minha vida. O primeiro, dei graças a isso depois, pois ele não foi nem jamais será merecedor da minha confiança (aliás, da confiança de ninguém). O segundo se afastou por motivos pessoais, uma escolha (acertada) que ele fez.
O terceiro se foi na última semana. E o que mais me magoa é que eu não sei porquê. Ele simplesmente se foi, e não sei se por alguma coisa que eu disse ou fiz.
Se foi isso, você pode por favor me desculpar? Jamais tive intenção de magoar você.

...

Sinto-me sem opções. Nos últimos dias, perdi um bom amigo, cuja amizade estava começando a desfrutar. E, de repente, ele se foi.
Estou de trabalho até a tampa. As meninas em férias me deprimem porque, mesmo se tivesse dinheiro, não teria como levá-las para viajar ou fazer passeios mais demorados. O pai resolveu que não vai tirar férias no meio do ano, se desinteressou completamente sobre o que as meninas vão fazer, e o resultado serão duas semanas trancadas em casa.
Tem vezes que a solidão - não aquela macia e quente, que acalma e faz refletir, mas aquela esmagadora, de silêncio sem eco - chega de tal maneira e com uma força tão grande que as opções acabam. Nem chorar mais eu consigo.
Como eu disse uma vez, gostaria de ter um colo para descansar. As meninas oferecem os delas como meu porto seguro, mas são muito pequenos para a minha carga.

terça-feira, julho 12, 2005

Rastro

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Existem pessoas que são como perfumes que nos surpreendem quando estamos andando na rua. Um cheio bom que passa, como quem não quer nada, embaixo do nosso nariz e nos traz ótimas sensações, lembranças queridas, possibilidades promissoras, tudo de bom que possa florescer dentro de nós.
E, do mesmo jeito que toca o nosso rosto, se vai. E nós seguimos, com aquela sensação boa n'alma. Mas sem o perfume, sem a pessoa - que, por um breve instante, nos fez feliz.

domingo, julho 10, 2005

E-commerce

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"Minha querida [Suzana];

Como você viu, estamos todos bem. Meu curso termina em setembro, mas não vou estar aí para o seu aniversário. Eu sei que é mais pra frente, mas onde eu vou estar não vou ter nem computador: vou partir para uma fazenda em Gales e, depois, emendar com um curso de dois meses numa reserva, e nem sei o que vamos encontrar por lá.
[...] Tenho te acompanhado pelo blog. As crianças estão te maltratando... Diga à [Zé Colméia] que achei o cachorrinho que ela queria. Continuo procurando a boneca que a [Catatau] quer, mas está difícil.
[...] Cintia e Roberto te mandam lembranças; William pede sabonetes Phebo e Polenguinho (nossa flor de rapaz está engordando feito uma bicha velha). Eu te mando a saudade da última vez em que jantamos e rimos até chorar. Quando eu voltar vamos repetir a receita que te curou tão bem.
Beijos desse amigo dos cavalos (e agora dos rinocerontes e gnus)
Felipe"

Descabelada, descalça, coberta de ração e baba de cachorro, imunda: entrei em casa carregando o maior buquê que eu jamais sonhei ganhar. Às vezes, a vida dá um jeito de nos mostrar que, mesmo do outro lado do mundo, existe alguém que se importa conosco.

Som da hora

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Festa no céu, Coleção Disquinho.
Você teve? Eu tenho. Todinhos. Pequenas bolachas coloridas - azul, vermelho, amarelo, verde.
As meninas têm em CD, mas quem ouve mais sou eu:

"Pelas campinas gentis, voam lindas brabuletas..."
"Meninas, eu já disse que não são brabuletas, são borrrrrrrrrrrrrrrrrrrboletas! Vamos novamente!"
(As irmãs de Cinderela na aula de canto. Essa era a deixa para virar o disco :o)

...

O problema é que um relatório de quatro palavras pode ser eficiente, sucinto e direto, mas a saudade sempre exige verborragia, sabe?
Você pode escrever um bocadinho mais? Pode?
Eu ficaria eternamente agradecida :o)

Norma Jean Baker

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Buscando fotos na internet, digitei num site de imagens "Marilyn Monroe". Vieram 4.060 imagens. Comecei a olhar uma a uma, e via sempre os mesmos olhos semicerrados, a boa entreaberta de batom vermelho vivo. Fotos que deveriam ser "flagrantes" eram obviamente ensaiadas, ela com a mão no queixo e o dedo médio mordiscando a língua. Ombros de fora, insinuando abrir o casaco de mink para mostrar que nada havia por baixo. Cartazes de filmes, deitada na areia da praia, abraçando James Dean.
Mas essas duas me chamaram a atenção. Uma, por mostrar que ela podia fazer o tipo burra, mas era inteligente, estudiosa, esforçada, autodidata. A expressão do rosto dela, e não o livro no colo, é que nos diz isso.
A outra nos fala do quanto ela parece ter sido massacrada por uma vida que, no fundo, não era para ela. A vida que incluía filhos, que lhe foram negados, um companheiro para toda a vida, que ela não achou. E como ela era, embaixo de quilos de delineador, cílios postiços e batom provocante, uma belíssima mulher.

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Dia das noivas

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Ontem foi o dia da festa junina (ou julhina?) das meninas. Este ano, elas pediram para que a caipira fosse de noiva. A senhora que fez os vestidos usou de modelo a capa de uma revista para noivas, fazendo, obviamente, algumas modificações.
As roupas ficaram absolutamente lindas. O pai, quando viu as meninas prontas, de buquê nas mãos e luvas rendadas, meias com aplicações no punho e a grinalda caindo pelas costas e no rosto, ficou mudo.
Todo em cetim branco, com renda imitando o tipo chantily por cima, pequeninas rosas brancas e cor-de-rosa salpicando o corpete aqui e ali. Anágua, mangas pufantes com rendas cor-de-rosa bem clarinho caindo por sobre os braços. Um laço também rosa nas costas e lá se foram as duas, muito orgulhosas e puxando as saias.
Dançaram quadrilha até se acabar. Zé Colméia tirou retratos com seu grande amor, um coleguinha de cabelos negros e olhos verdes que é, para ela, um grande a calmo companheiro de brincadeiras, diferentemente dos outros, sempre envolvidos em lutas e disputas. Pedro (eu gosto desse nome :o) sempre larga os amigos quando Zé Colméia está sozinha, emburrada num canto. Só ele tem paciência para agüentar o gênio difícil da minha pequena.
Pois em toda as fotos, ela aparece com um luminoso sorriso, os olhos cheios de alegria, de mãos dadas com ele. Por um pequenino, brevíssimo instante, eu pensei no dia em que ela se casará de verdade. E senti, ao mesmo tempo, uma felicidade imensa e uma tristeza abissal.
Não gosto de ter esses lampejos de futuro. É como antecipar o inevitável.
Cedo demais.

Rumos

Essa semana foi, para mim, a de reviravoltas. A outra executiva sênior pediu demissão e eu assumi a conta de uma cadeia internacional de hotéis. Deu medo. É uma realidade completamente longe, diferente, inusitada da que eu vivo. Quem freqüenta essa rede de hotéis é o tipo de pessoa que paga, alegremente e com prazer, R$ 4 mil por uma semana de estadia. Sem piscar.
Na semana retrasada, minha chefe e a antiga executiva receberam 700 pessoas, entre VIPS, jornalistas e atores & atrizes & modelos para a reinauguração de um dos hotéis da rede. Depois, quando eu vi as fotos, fiquei imaginando o dia em que eu terei que ir - e vai ser em agosto.
Não gosto disso. Ostentação, dinheiro jogado fora a rodo em coisas que custam 50 vezes mais do que o mesmo produto sem nome, só porque exibe a logo do hotel. Mas duas contas significam aumento de salário, o que compensa o cheque especial que todo mês, logo a partir do dia 10, eu tenho que usar.

sexta-feira, julho 08, 2005

Ironia fina

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Quando eu era criança, assistia sempre a Vila Sésamo. Depois, na década de 80, aportou por aqui Os Muppets. Eu gostava, na verdade, daqueles dois velhinhos que só estavam no balcão nobre do teatro para sacanear e infernizar a vida dos muppets que se apresentavam. Dois espíritos de porco.
Agora, pelo meu mestre e amigo querido Nemo Nox, soube que os velhinhos voltaram:
"Lembra dos velhinhos ranzinzas do Muppet Show, Statler e Waldorf? Pois agora eles têm seu próprio programa de crítica cinematográfica, From the Balcony."

Vou começar a catar por aqui para ver se passa em algum dos canais da DirecTV.