sexta-feira, agosto 18, 2006

Correspondência eletrônica



Minha querida Dama;

Calhou de eu estar online quando você postou sobre as gárgulas. As igrejas inglesas também têm gárgulas, mas não tão francesas como as de Notre Dame :o). Quero dizer, não têm a expressão facial das parisienses. São mais sérias e compenetradas, se é que eu não estou parecendo tão estúpido falando isso. [...]
Ainda há muita superstição por aqui. Tenho cerca de 2000 vizinhos - porque a cidade é tão pequena que todos são vizinhos, não dá para ser diferente. Lembra daquela que discutimos? Pois muita gente acredita (e eu acho um barato isso aparecer na boca da Ofélia) que a coruja é mesmo filha do padeiro, e que foi transformada porque negou pão ao Salvador (nas palavras de Mrs. Edge, que toma conta da caixa de esmolas da igreja. Ela É filha de um padeiro :o)
Eu e William lemos tudo o que você mandou. O conto é "Seis meses", não é? Fiquei meio sem saber o que dizer, então não vou dizer nada - a gente se conhece bem demais para você saber o que eu sinto em relação a isso. [...]
A piada que você escreveu no livro de William - ele gargalhou 15 minutos seguidos. E ainda continua rindo sozinho, quando lembra dela. Cíntia passou por aqui. Raspou a cabeça da nuca até a metade da cabeça. E pintou o cabelo de um vermelho tão forte que dá pra ver no meio da neblina. [...]
Saudades suas, querida. Não vou poder te ver até meados de março do ano que vem, quando vou ao Brasil. Toda vez que vou ao supermercado lembro de você - e compro mais cheddar em spray para comer puro, na frente da televisão. Espero que você tenha aprendido a comer cheddar em spray de outra maneira - porque assim eu não agüento mais, mas é preciso manter a tradição, não é?
Beijos nas três princesas encantadas, teu sempre

Felipe

Nenhum comentário: