segunda-feira, agosto 14, 2006

Miudezas



Eu escrevo, escrevo, e publico nos rascunhos. E ali meus textos ficam - semanas, e agora meses, sem que eu tenha a coragem necessária para botá-los no ar, diretamente nos arquivos. Porque ninguém mais vai ler, mas eu sei que ele está lá. O texto que eu fiz para ele, mas não tive coragem de mostrar. Então eu mostro, escondendo no meio de outros, já meio amarelados, meio empoeirados.*

Choro não pelo que não tive, mas pelo que não terei. Provo mas sei que sempre será isso - apenas uma prova. Naquela mesa jamais terei o direito de sentar-me e me fartar. Nem mesmo beliscar a sobremesa. Nem saborear a cerveja preta. Ou me tornar sonolenta e promissora durante o cafezinho.

Gosto de andar pela rua olhando as crianças e vendo como elas encaram os adultos; tudo passa pelo rosto delas - principalmente as maiores. Desprezo, surpresa, repulsa, pena, admiração, nojo, gula, esperança, tédio. As crianças são ótimos seres humanos - antes que a alfabetização estrague com elas.

É um dom fazer a escolha errada. Enfiar a cara num trabalho que não dará nada - dinheiro, prestígio profissional. Apaixonar-se pelo homem errado - e deixar por dez anos aquele amigo louco por você mergulhado no suave banho-maria do amor fraternal. Rasgar-se pelo amor impossível, sofrer de vertigens só de olhar a altura do castelo que se construiu. Jogar-se da torre, às vezes, é necessário - mas é preciso ter certeza que há uma rede lá embaixo. Qualquer rede.

* E também apago muita coisa. Tantas coisas que o não-escrito termina por me fazer mal. Porque eu criei esse canto aqui exatamente para NÃO fazer isso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Suzana
Já há algum tempo em que entro no seu blog. Tenho dificuldades para deixar o primeiro comentário, mas às vezes não resisto, como hoje.

Se você criou esse canto aqui exatamente para não fazer isso, então NÃO FAÇA! Não há nada melhor do que a gente botar para fora tudo que está entalado, incomodando, seja num analista ou num blog.

Desculpe a invasão, você nem me conhece, mas descobri seu blog, no bloWg.

Num outro post aí embaixo li que disseram que você é destrutiva, eu diria que você ESTÁ destrutiva. Só pra começar, você fica pensando em quanto seu ex-marido é feliz com a namorada, morando em Ipanema e tendo duas babacas para criar as filhas dele.
Suzana, quem disse que ele é feliz?

Por que eu estou falando isso? Bem minha história é diferente da sua porque eu não fiquei me lamentando, claro, doeu pra cacete, mas eu resolvi continuar a viver. Dei um rumo à minha vida e deixei claro que eu era a dona do leme. Nunca fui a nenhum juíz, nunca pedi nenhuma pensão, vivi e deixei viver. Deixei que ele visse a filha desde que ela quisesse, tornei-me a Dona do pedaço.
Resolvi partir para outra e ver onde chegaria uma amizade muita antiga e não me arrependi. Hoje, tenho problemas psíquicos, mas garanto a você que são por hereditariedade e não por minhas escolhas.

O pai da minha filha mais velha tem um enorme respeito por mim, conheço e respeito a mulher dele e as duas filhas. Quando eles vêm ao Rio, vão na minha casae não me arrependo de nada, em relação a isso, Suzana.

Ele tem tanta respeito por mim, que um dia, conheceu uma amiga minha e disse (juro): A Angela é uma mulher brilhante, o dia que ela descobrir isso, ninguém segura

Esquece esse homem, e se isso não for posssível, passe a olhar outros homens com olhos de ver, nem que seja preciso fazer um óculos (rsrsrs).
Páre de sofrer, sua boba, pelo menos por isso.
Eu tenho mil problemas, já sofri por tudo isso, já sofri por ciúmes, e já até estraguei uma vida que era pra lá de bacana (com meu marido atual), hoje sofro os resquícios de tudo isso, tenho doenças emocionais, ou afetivas (claro, herdadas), mas tenho, e tento de todas as formas ver o que há de bom na minha vida e me segurar nisso. Transformei uma PAIXÃO de adolescente que gerou um fruto muito lindo, numa amizade carinhosa.

O que você está precisando é de um banho de felicidade, moça. De tudo que tenho lido, esse homem Não merece você! Então parte pra outra, não é difícil, dificíl é querer.

Espero que o post que fala sobre agressão física não seja sobre você, porque aí, nem eu sei o que dizer!

Suzana, SEJA A DONA DO PEDAÇO e ele vai acabar se envergonhando só de olhar para você. E suas filhas só terão orgulho da mãe que têm.

Um grande beijo de uma mãe (e mulher) que deu a volta por cima, ainda que no momento esteja enfrentando outros problemas.

Esse comentário já ficou grande demais, mas páre de se derrubar, Suzana, páre de se destruir.

Um beijo da Angela