quarta-feira, setembro 06, 2006

Dois momentos



Ontem à noite, cheguei em casa de madrugada. O relógio digital na Praia de Botafogo marcava oito graus. Eu estava com muita febre, sentia calafrios subindo e descendo pelas minhas costas, pelas minhas pernas. O corpo todo me doía, e eu só conseguia pensar nas meninas debaixo dos edredons, dormindo quentinhas na minha cama.
Quando comecei a subir as escadas de casa, olhei para o céu. E fiquei sem respiração, porque era a noite perfeita, daquelas típicas de outono ou primavera: o céu de um azul escuro quase negro, muitas estrelas, uma lua branca e muito brilhante.
E então, apesar do frio, sentei na varanda e fiquei ainda bons minutos respirando aquele ar gelado e conversei com... bom, chame do que você quiser. Conversei - comigo, com Deus, com os espíritos. Não sei.
E pedi então a única coisa que me tem faltado em absoluto nesses meses de pouco dinheiro, descanso, lazer e tranquilidade e muitas dívidas, trabalho, responsabilidades, preocupações.
Eu preciso muito de paz de espírito. E não sei como conseguir isso. Eu a perdi em algum lugar, em algum tempo, e não consigo mais recuperá-la.
Preciso daquilo que nos faz, ao abrir a bolsa e encontrar moedas; ao ser preterida num trabalho; ao sentir uma gripe chegando; ao não sentir-se amada; ao não conseguir resolver todos os problemas - preciso daquilo que nos faz dizer "E daí?" e seguir em frente.

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