sexta-feira, março 09, 2007

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Voei, brinquei, naveguei, conversei, li, cochilei, divaguei. Isso foi o que eu fiz a semana inteira. Isso é o que eu faço desde a audiência de conciliação. "Trabalha! Você tem que trabalhar! Vai perder seus contratos! Responda aos e-mails! Responda às pessoas! Olha seus prazos - você está perdendo os prazos! Faça alguma coisa! QUALQUER coisa!"

Não dá. Cansei. Minha cabeça entregou os pontos. Meu cérebro simplesmente botou um cartaz de "not found" e, por mais que eu dê reset, não tem jeito de carregar a página. Seja ela qual for.

Eu quero tirar minha velha mochila do armário e ir acampar. Subir nos morros, fazer trilhas, lavar a louça na beira-mar, ajudar os pescadores a puxar a rede no fim do dia - e ganhar um peixe em agradecimento. Andar pela estrada, escutar o mar quebrando do lado de fora da barraca. Passar a noite em claro e dormir quando a cor da água começa a ficar brilhante - os peixes cantam assim, sabia? quando o sol está prestes a nascer.

Lua vermelha, noites estreladas, alvorecer púrpura, céu azul-cruel. Não é justo. Tomar sorvete de chocolate sentada em algum lugar, em algum tempo. Andar do Arpoador até a subida da Niemeyer pela areia molhada, umedecendo a boca com água de coco e os cabelos com maresia.

Acordar de manhã cedo, fazer o café e ler os jornais. Responder, entre um gole e outro, todos os e-mails. Gastar um tempo perfumado escrevendo uma carta a um homem tão especial e querido, que me mandou para a Itália uma noite - e eu não agradeci. Porque eu não sei mais fazer isso como antigamente. Eu não sei mais fazer isso.

Ouvir o silêncio fora e dentro de mim. Eu tenho gritado muito dentro de mim.

Não é justo.

Um comentário:

Vera Vilela disse...

Calma menina!
É muita emoção pra uma primeira visita.
Volto depois que meu coração se acalmar.
Maravilha!